Sentir a gengiva inchada e doendo costuma ser um indício de alguma doença periodontal - geralmente causada por uma má higienização bucal ou infecção de bactérias. Mas, você sabia que, na maioria das vezes, tem como tratar esse tipo de problema de forma simples? O Sorrisologia conversou com o dentista Daniel Cohen, PhD. em estomatologia e patologia bucal, que falou mais sobre como lidar com problemas na gengiva. O especialista dá dicas certeiras sobre como agir da melhor maneira para aliviar os sintomas. 

Gengiva inchada e doendo: por onde começar a tratar?

O que fazer quando a gengiva está inchada, dolorida e você não sabe por onde começar? De acordo com o dentista Daniel Cohen, o primeiro passo é consultar um profissional especializado. “A pessoa deve procurar o cirurgião-dentista imediatamente. O especialista que o paciente precisa, na maioria das vezes, é o periodontista, quando a doença periodontal for o causa da inflamação gengival e dor. Em outros casos, mais incomuns, temos o estomatologista (especialista em diagnósticos de doenças bucais e em biópsias) como profissional ideal”, afirma. 

O que é bom para gengiva inchada e dolorida?

Ao perceber que a gengiva está inflamada, introduzir melhores hábitos de higienização bucal no dia a dia, de acordo com o Dr. Cohen, é fundamental para melhorar o incômodo. “Caso o paciente não escove os dentes ao menos após as refeições principais (três vezes ao dia) e passe fio-dental regularmente (todos os dias, ao menos uma vez), o ideal é passar a tomar esse hábito, antes mesmo de conseguir a consulta com o dentista”, recomenda. 

Vale destacar, ainda, que é possível utilizar medicamentos que aliviam os sintomas de gengiva dolorida. Mas, para isso, não tem como abrir mão da orientação de um dentista.“O profissional poderá treiná-lo melhor através de uma instrução de higiene oral, para verificar se a técnica de escovação está adequada e se o uso do fio dental está correto. Caso seja necessário, também poderá prescrever colutórios (bochechos, que devem ser prescritos por um dentista) ou medicação oral ou tópica (para aplicar no local da inflamação)”, complementa o especialista.

Afinal, o que causa gengiva inchada?

Você já se perguntou quais são as principais causas da gengiva inflamada? De acordo com o Dr. Cohen, a origem do problema tem quase sempre relação com os hábitos diários do paciente. “O mais provável é que o paciente tenha pecado em sua higiene bucal. A falta de escovação dos dentes (ou a escovação inadequada) após as refeições e a ausência da utilização do fio dental diariamente são as causas mais prováveis, levando a um quadro de doença periodontal, que resultará inicialmente na gengiva com edema e sintomatologia dolorosa”, explica. 

Pode ser que algum alimento específico também cause inflamação na gengiva, sabia? De acordo com o dentista, é possível que quadros nocivos se desenvolvam a partir de maus hábitos de alimentação e higiene no dia a dia. “A má higiene ou um agente mais bem definido (como uma casca de pão ou de pipoca) também podem ser os responsáveis, levando a quadros de formação de tecido de granulação (predomínio de pequenos vasos sanguíneos e inflamação crônica) na gengiva, que chamamos de granuloma piogênico (uma lesão vermelha), que é uma das lesões reacionais mais comumente observadas na gengiva. Essa lesão pode sofrer fibrose e evoluir para uma hiperplasia fibrosa (semelhante a um calo) na gengiva”, complementa o Dr. Cohen. 

O dentista destaca, ainda, que a má higienização bucal, em alguns casos, pode levar a gengiva a apresentar focos de calcificação. Nesse caso, a lesão fica mais endurecida, sendo conhecida como fibroma ossificante periférico. Por isso, ao notar alguma inflamação ou inchaço na gengiva, é importante checar com um dentista, ok? Principalmente caso o problema persista mesmo após a melhora da higienização bucal. 

É importante garantir que a gengiva inflamada não se trata de um problema mais grave

Em casos bem mais raros, é possível que a inflamação na gengiva seja o indício de algum problema grave na saúde bucal. De acordo com o Dr. Cohen, que é justamente especialista em patologia bucal, é importante averiguar o caso quando o inchaço na gengiva persiste. “Outras lesões, observadas por leigos apenas como gengiva inchada, podem representar neoplasias malignas - desde as mais comuns, como o carcinoma epidermóide, até as mais raras, como neoplasias malignas de origem hematopoiética, como linfomas e leucemias ou até mesmo metástases. A gengiva, inclusive, é a localização mais usual de se observar metástases em cavidade bucal, apesar de elas comumente não virem acompanhadas de dor”, explica o especialista. 

Gengiva inchada: tratamento deve ser feito com um especialista

De acordo com o Dr. Cohen, os medicamentos prescritos para o tratamento da gengiva inchada devem ser utilizados apenas durante o tempo determinado pelo cirurgião-dentista. “É comum a prescrição de digluconato de clorexidina em gel ou em forma de bochecho como auxílio no tratamento dessa doença periodontal ou mesmo para evitar infecções secundárias após cirurgias orais. Porém, é fundamental que o paciente entenda que não pode ser utilizado regularmente, tendo como um dos efeitos colaterais a pigmentação de mucosas e até mesmo dos dentes”, orienta o especialista. 

Terapia periodontal é uma saída para tratar gengiva inchada e dolorida

Na maioria dos casos, de acordo com o Dr. Cohen, o tratamento aplicado é a terapia básica periodontal, que consiste em um procedimento realizado para recuperar todas as estruturas que envolvem, protegem e suportam os dentes. O dentista explica melhor como funciona, nesse caso, para aliviar os sintomas de gengiva dolorida:

Raspagem supragengival: remoção mecânica do filme bacteriano ou placa calcificada, popularmente chamada de tártaro, que não está abaixo da inserção da gengiva. 

Raspagem subgengival: é feita nos quadros mais graves, quando há cálculo (tártaro) abaixo da linha de gengiva inserida do paciente. Ou seja, o dente já está perdendo inserção em sua raiz, no alvéolo, que é o osso que o sustenta.

Redação: Carolina Damasceno

Este artigo tem a contribuição do especialista
Daniel Cohen Goldemberg - PhD Estomatologia e Patologia Bucal
CRO-RJ: 29267