Seja na língua, nos lábios ou até mesmo nos dentes como as jóias dentárias, os piercings na boca estão cada vez mais populares. Para compor um estilo ou reforçar a identidade, os piercings marcam gerações e impactam a forma como elas vivem de diversas formas. 

Contudo, ao mesmo tempo em que muitos colocam o piercing como parte da construção da identidade e estilo, pouco se lembram de um fator essencial: a saúde bucal. Por mais descolado que seja, o piercing na boca pode causar diversas consequências negativas para o indivíduo. 

A estomatologista e dentista Dra. Dulce Cabelho bateu um papo com o Sorrisologia e listou os principais riscos ao adotar o acessório. 

Para entender melhor, continue lendo! 

Piercing na Boca: O que Analisar Antes de Colocar 

Ao considerar colocar um piercing na boca é preciso que você tenha plena consciência dos riscos que ele pode apresentar à sua saúde. Para a Dra. Dulce, o piercing na boca pode comprometer seriamente a saúde do usuário, principalmente na boca. Ela segue: “Quando utilizados intraoralmente, eles podem ser o motivo de complicações sistêmicas e locais para o organismo. É como um estímulo físico que induz a ativação parassimpática, causando assim o aumento do fluxo salivar”, explicou.

Quais São os Riscos de Colocar um Piercing na Boca?

Vamos listar agora quais são alguns dos principais riscos de colocar um piercing em qualquer região da boca: 

• Úlceras traumáticas: além da dor e incômodo nos primeiros dias, feridas dolorosas podem surgir causadas pelo atrito do piercing com a boca.
• Recessão gengival: seus dentes podem ficar expostos e mais vulneráveis já que o piercing irá mexer com todo o interior da sua boca.
• Biofilme e cálculo dental: com o piercing, sua boca se tornará propensa a virar um lar para bactérias e tártaro causando mau hálito, devido a dificuldade da higiene bucal. 
• Cárie e doença periodontal: dentes cariados e gengivas inflamadas podem ser uma realidade constante após o piercing.
• Neoplasia: a constante irritação dos tecidos bucais podem levar ao desenvolvimento de tumores. 
• Dente quebrado ou lascado: brincar com a jóia na boca pode resultar em dentes quebrados ou lascados.
• Inflamação: prepara-se, pois dores e inflamações poderão aparecer constantemente, causando vermelhidão, dor e inchaço. 
• Infecções: a má higiene pode levar a infecções graves que exigem tratamentos médicos e custos com medicamentos. 
• Reações alérgicas: o material do piercing pode causar reações alérgicas tais como coceira, vermelhidão e inchaço.
• Nódulos granulomatosos: as famosas bolinhas ao redor do piercing podem causar a formação de nódulos na boca. 
• Sialorréia: o piercing pode pressionar o assoalho bucal, causando salivação excessiva. 
• Perda de sensibilidade: a perfuração pode afetar nervos, causando formigamentos e dormência na região. 

O Material do Piercing Também Pode Ser Perigoso

Um outro ponto importante para se atentar é o material da joia e do material utilizado para a perfuração. A especialista adverte que a escolha do material e o local da perfuração são pontos de atenção para evitar problemas futuros com o piercing na boca. Leve em consideração: 

1. Material: o titânio é ideal por ser biocompatível e minimiza o risco de reações alérgicas. Outros metais como cobre e níquel devem ser evitados, pois podem causar alergias e liberar toxinas na boca.
2. Local: é preciso ter cautela na escolha do local escolhido para colocar o piercing. A perfuração precisa ser feita em um espaço seguro para prevenir sequelas graves. Os riscos considerados mais são: 

• Parestesias: formigamentos, dormência e perda de sensibilidade.
• Perfuração de vasos: sangramento e hematomas;
• Recessão gengival: exposição da raiz do dente.
• Inflamação local: reação do corpo à perfuração.

Piercing na Boca: Possíveis Transtornos e Orientações

A profissional reforça sua posição contra o uso de piercings bucais devido aos seus potenciais riscos à saúde da sua boca. No entanto, se você já colocou o piercing e ele apresentou algum problema, preste atenção e siga estas orientações: 

• Procure um cirurgião-dentista: este profissional dará o diagnóstico preciso, identificando a causa do problema e o tratamento adequado a seguir.
• Plano de tratamento: ao receber as orientações do dentista, siga tudo à risca. 
• Remova o  piercing: a prevenção de danos é o foco. A remoção pode ser necessária para evitar prejuízos maiores à sua saúde bucal. 
• Cuidados com a higiene: a limpeza rigorosa é essencial. Mantenha a área sempre limpa e livre de bactérias. Todo o esforço será para prevenir infecções futuras. Neste caso, o uso de enxaguante bucal específico auxilia na rotina de cuidados. 
• Acompanhamento com o profissional: faça consultas regulares ao seu dentista para monitorar a situação. Além disso, adote medidas preventivas para evitar novos contratempos com possíveis piercings futuros. 

Este artigo tem a contribuição do especialista:
Dulce Helena Cabelho Passarelli - Estomatologia, Patologia Bucal e Laserterapia
São Paulo, SP
CRO-SP: 35856

Artigo Atualizado: 24/04/2024