Você já sentiu estalos ou dores na mandíbula ao movimentar a boca? Se a resposta for sim, pode ter sido uma disfunção temporomandibular (DTM) - problema no funcionamento da articulação temporomandibular (ATM). Mas, você sabia que existe tratamento para essa disfunção? O Sorrisologia conversou com o dentista Robson Caumo e o cirurgião dentista Leonardo Domingues, especialista em Traumatologia Buco-Maxilo-Facial e mestrando em Disfunção Temporomandibular, que falou mais sobre as causas, os sintomas e o tratamento da DTM.

O que é DTM?

De acordo com o dentista Leonardo de Almeida, a DTM se resume em um conjunto de sintomas que podem afetar a mandíbula como um todo. “As Disfunções da Articulação Temporomandibular (DTM) são as doenças ou alterações da articulação temporomandibular (ATM) e dos músculos que são responsáveis pelos movimentos da boca”, explica o profissional. Já Caumo, explica que não há consenso sobre uma causa comum à todas as disfunções desse tipo. Ainda assim, para ele, existem possíveis explicações. “Dentre as principais, podemos citar os traumas de face, problemas com restaurações ou blocos “altos” (causando os chamados contatos prematuros), stress e ansiedade, que levam à hiperatividade muscular e causam frequentes dores nos pacientes”, conta Robson.

A questão é que, por ser pouco conhecida, a DTM não costuma ser a primeira suspeita quando seus indícios aparecem. Isso também acontece porque os sintomas são bastante comuns e facilmente associados a outros problemas. O que ajuda na identificação da disfunção é ligar todos os pontos: quando o corpo fala, é melhor ficar atento.

DTM: sintomas e possíveis causas

Para descobrir se você tem DTM, uma dica importante é prestar atenção nos sinais que esse tipo de disfunção gera - principalmente na hora de comer ou movimentar mais a boca. De acordo com o Dr. Domingues, existem indícios bem marcantes que apontam para esse tipo de disfunção.“Os principais sintomas são dores musculares (mialgia), dores de cabeça, dificuldade e limitações ao abrir e fechar a boca, sensação de rosto pesado e cansado, estalidos e crepitações nas ATMs”, destaca. 

Geralmente, as DTMs se originam a partir de práticas e manias que o indivíduo mantém no dia a dia. O bruxismo, por exemplo, é um problema bastante comum e costuma resultar em dores mais intensas na mandíbula. O dentista destaca que diversos motivos podem gerar as DTMs. “As possíveis causas podem estar relacionadas a alguns hábitos que, normalmente, são inconscientes: apertar ou ranger os dentes, morder as bochechas ou lábios, mal posicionamento ao dormir e até mesmo durante o trabalho. A DTM é uma doença multifatorial”, afirma o especialista. 

Os sinais da doença não são nada silenciosos e afetam a qualidade de vida do paciente. De acordo com o dentista, se você tem dores de cabeça, na face e no couro cabeludo, além de dificuldade em mastigar e abrir a boca, apresentando estalos e ruídos como de areia próximo aos ouvidos, é importante considerar procurar um especialista para investigar a situação.

“Normalmente o paciente chega no consultório com dores na face, onde muitas vezes nem ele mesmo consegue identificar o ponto exato da dor”, relata. Segundo Robson, isso é normal porque dores musculares se apresentam como uma dor irradiada, que pode passar pelo pescoço e até pelos ombros. “Outros sintomas comuns são dores no fundo dos olhos, tonturas, zumbidos e sensação de dentes doloridos”, lembra.

Como tratar DTM?

Antes de tudo, o mais importante é realmente se certificar de que o problema se trata de uma DTM, o que só é possível com ajuda profissional. “É recomendado uma consulta com um especialista em DTM para que seja realizado um exame físico, envolvendo palpação dos músculos e das articulações, chegando a um correto diagnóstico e a um tratamento individualizado”, orienta o Dr. Domingues.

O cirurgião dentista destaca, ainda, que o tratamento adequado é aquele que atende às particularidades do paciente. Para isso, é imprescindível que haja um bom planejamento e direcionamento para tratar o problema no longo prazo. “Para sabermos qual o melhor tratamento, é necessário diagnosticar quais são os principais sintomas e causas para a DTM do doente. O tratamento é individualizado e, na grande maioria dos casos, é conservador. Realizamos orientações para reprogramação postural, controles dos hábitos deletérios, técnicas para relaxamento muscular, terapias caseiras e compressas”, complementa. 

Existem muitas técnicas que auxiliam no tratamento da DTM e, consequentemente, ajudam a aliviar os sintomas no dia a dia. É possível usar placas de mordida (para tratar o bruxismo), fazer sessões de fonoaudiologia, fisioterapia, acupuntura e também tomar os medicamentos prescritos pelo profissional especializado - o que, em alguns casos, é indispensável para aliviar dores muito intensas.

Saiba como amenizar os sintomas da DTM

De acordo com o Dr. Domingues, o comportamento do paciente influencia diretamente no sucesso do tratamento e, para aliviar de fato os sintomas, é muito importante adotar mudanças de hábitos. “A principal dica para controlar os hábitos causadores é o paciente ficar atento para que os seus dentes não fiquem em contato o dia todo (seja apenas encostados, rangendo ou apertando). Dessa forma, é possível manter os músculos e articulações em posição de relaxamento. Um profissional especializado ensinará o paciente as técnicas adequadas para o posicionamento mandibular”, finaliza o especialista.

Procure Um Especialista

Mesmo antes de ir ao consultório do dentista, é possível fazer um auto-teste em casa. Segundo a Academia Europeia de Disfunção Crânio Mandibular, algumas perguntas podem ajudar na descoberta do problema:

1) Tem dor quando abre a boca ou quando mastiga. Uma vez por semana ou mais?
2) Tem dor na face, têmporas, articulação temporomandibular ou maxilares. Uma vez por semana ou mais?
3) Já teve a mandíbula presa ou travada de forma que não abrisse completamente a sua boca?
4) Tem dor de cabeça mais de três dias por semana?

Robson alerta, no entanto, que esse teste deve ser só mais uma confirmação de que é necessário procurar um profissional, mas lembra: é preciso que ele seja de confiança. “Muitos não têm o devido preparo para identificar e diagnosticar de forma correta a presença da DTM”, explica. Por isso, busque alguém capacitado para te ajudar a se livrar de uma vez por todas desse incômodo.

Redação: Carolina Damasceno

Artigo Revisado em 08/04/2024